Porto Quijarro / BO --> Santa Cruz de La Sierra / BO




Chegando em Quijarro de táxi passamos pela fronteira, antes, durante e depois da fronteira já ouvíamos todos dizendo que não havia mais passagens para Santa Cruz, era dia 22/12 e todos passavam natal em La Paz, e que não havia passagens, não havia nenhuma opinião favorável, só a nossa vontade de ir a Santa Cruz no famoso Tren de la Muerte, a viajem durava 18 horas.
Conhecemos um casal que pensava como nós e que ouviram as mesmas coisas que nós, então juntamo-nos e fizemos um trato com um boliviano que queria nos levar a Santa Cruz por 42 dólares e dizia ele ter ar condicionado, o trato foi o seguinte: ele nos levaria até a estação de trem, tentaríamos ir de trem, se não conseguíssemos aceitaríamos a proposta do motorista.
Chegando na estação de trem concluirmos que não havia possibilidade de ir no carro dele, o calor era insuportável, e o ar condicionado servia para nada.

Chegando no guichê de vendas de passagens descobrimos que só havia passagens para o dia seguinte ao meio dia, pensamos na possibilidade mas quando saiamos para falar com os outros um boliviano em cima da escadaria nos chamou, Opa! , um cambista, lembrei-me logo do maracanã e de como somos contra aqueles cambistas que sempre nos deixam sem ingressos, mas na hora do aperto vemos o lado bom das coisas ruins, e lá estávamos nós negociando com um cambista. ele nos cobrou 200 B/ o valor da passagem no guichê era 127B/, pagamos mais para ir no trem daquela tarde que saia meia hora depois. 


O Esquema do Cambista ( Trem da Morte)


O esquema era o seguinte, aquele cambista(A) era o intermediário entre nós "clientes" e o condutor do trem que era o verdadeiro cambista(B). O cambista(A) conseguia os clientes, levava as identidades e passaportes dos "clientes" ao cambista(B) este dava 50B/ ao cambista(A) e ficava com 150B/, dos 150B/ ele tirava o valor da passagem: 127B/  e o resto era de lucro.


Entramos no trem antes de todos e fomos colocado em um vagão vazio, com ar condicionado e TV, um ótimo lugar, confortável e espaçoso, passava filmes do Stallone, com uma voz de boliviano engraçada, havia 5 opções de filmes dele, alguns Rambo's entre eles, e o maquinista escolheu: "Pare se não a mamãe atira".(FOTO) Desconfiamos de tanta bondade, nossos passaportes já havia 30 min. que não sabíamos onde estava, e assim permaneceu pelas 8h que se seguiram...
Até que chegando em uma determinada estação o nosso vagão foi invadido por bolivianos (FOTO) e lotou, e descobrimos ali que realmente tinha algo errado com todo conforto que estávamos tendo, os donos de nossos lugares chegaram e ficamos sem cadeira, como nos filmes o cambista (B) que era o condutor do trem e o possuidor de nossos documentos surgiu e nos mandou pro refeitório (FOTO) do trem, devolveu nossos documentos e recebeu o nosso dinheiro, fomos, chegando lá todos os cozinheiros dormiam no chão, foram pisoteados e muito incomodados com nossa presença, o lugar estava extremamente escuro, não vimos completamente nada, sentamos em bancos apertados, sem nenhum conforto e nada de ar condicionado, todos que nos impediam de permanecer ali tínhamos como justificativa um único nome, o nome do condutor do trem que nos mandou para lá algo como "kabahal". nome muito útil para nos manter ali, todos pareciam ter medo desse nome.

OBS: o verdadeiro nome do condutor era algo como Carnajal

A parte do  Esquema do Cambista que descobrimos depois

Varias estações vendiam passagens para La Paz, em Santa Cruz alguns foram lotados e ao longo do percurso os outros foram sendo lotados, de forma que nós que estávamos no último vagão a ser lotado ficamos 8h sentados e as outras 10h no refeitório.

No trem o almoço custava 20B/ e a água 6B/ um dos companheiros de viajem pagou uma refeição com 100B/ e recebeu 176B/ de troco, devolveu é claro, mas foi motivo para boas risadas como todo o resto dos acontecimentos.

Comentários

  1. Rafael Sales14:16

    Que história, heim Ícaro?! rsrsrsrsrs

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